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Deem uma vista de olhos a um grupo qualquer de gente jovem como este. Seriam capazes de indicar de que país europeu é que eles procedem? Não? Eu também não.  Na realidade, no último quarto de século a gente jovem tem-se tornado tão igual na Europa que é impossível distinguir traços da sua procedência. Todos vestem igual -seguem as mesmas modas-, comem o mesmo tipo de comidas, escutan a mesma música, têm os mesmos costumes de lazer… São iguais, apenas se diferenciam na língua que falam, mas isso não se nas fotos.

A meu ver, essa é a clave de que as línguas não-estatais tenham acelerado o seu processo de extinção: a globalização. As novas gerações são cada vez mais homogéneas desde todos os pontos de vista em todo o continente. Isso significa que tendem a unificar todos eles o seu contexto vital. E a esse processo a língua não é alheia.

Este tipo de globalização é tremendamente destrutivo. É algo perfeitamente sabido que o inglês tende a se impor dum jeito antagónico, mesmo brutal. As línguas estatais podem resisti-lo -mas fica por ver ainda quanto tempo e quais delas não fenecerão, coisa que puder acontecer.

E é neste contexto onde a gente mais jovem se pergunta: “E a mim, a língua dos meus avós, para que me serve?”. Eu hei de confessar que a maioria das vezes não sei o que responder a isto dum modo convincente. Sei para que me serve a mim, mas não sei como fazer ver que as línguas têm um valor que não é material. Porque, precisamente, o fundo da questão é este: as línguas são um valor, mas vivemos numa sociedade que perde os valores (soa a sermão religioso, mas é a realidade). As línguas são um valor imaterial, portanto, a salvaguarda delas tem que vir por aí. E como? Eu, sinceramente não o sei.

Portanto, para além das pressões dos Estados, dos grupos fáticos que querem Estados unitários, de cretinos que disfarçam a sua ignorância e capacidade de aprender outras línguas baixo o para-chuvas de que “eu só quero falar a língua do Estado”, há uma ameaça para as línguas não estatais muito máis mortífera. Devo confessar que sou pessimista, mas… quem sabe, se calhar as coisas mudarão algum dia. Entretanto, estas línguas nossas ainda existem, gozemos delas.